sexta-feira, 17 de abril de 2015

População de baixa renda pode ficar fora da interatividade na TV Digital

No dia 29 de abril, em Brasília, o GIRED (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV) irá definir o modelo dos conversores digitais que serão distribuídos para aos 14 milhões de família beneficiárias do programa Bolsa Família. Essa decisão pode acabar com o futuro da interatividade e da multiprogramação para TV digital no Brasil. Isso porque as empresas de radiodifusão e de telefonia querem escolher de uma caixa de conversão mais barata, deixando de fora o grande diferencial da TV digital desenvolvida no Brasil: o uso da interatividade gratuita através do controle remoto e a multiprogramação. Essas características da TV Digital brasileira podem ajudar a incluir, via aparelho de televisão, cerca de 60 milhões de brasileiros de baixa renda que não tem acesso a internet, mas possuem um aparelho de TV e sabem usar o controle remoto.

O que é o GIRED e quem participa;
Criado pela ANATEL em dezembro de 2014, o Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (GIRED), em que e como serão aplicados os 3.6 bilhões de reais entregues pelas empresas de telefonia celular que obtiveram o aceite de suas propostas durante o leilão da faixa espectral de 700 Mhz.
O GIRED está decidindo sobre todo o processo de migração das TVs analógicas para os canais digitais. Isso significa decidir sobre como deverá ser feita esta migração, a distribuição dos conversores de TV digital, antenas e filtros para a população de baixa renda, e as cidades onde poderá haver a antecipação do cronograma do apagão dos canais analógicos. E também que tipo de conversores digitais os 14 milhões de famílias que serão beneficiadas vão receber.
O GIRED é formado pelos representantes dos radiodifusores e das empresas de telefonia móveis, além de contar com um titular do ministério das Comunicações e outro da Anatel. As entidades que representam os radiodifusores são: Abert; Abra, Abratel, Band e Globo, pelas empresas privadas, EBC e TV Câmara, pelas empresas públicas. Das telefônicas, os representantes são: Claro, Algar Celular, Tim Celular e Telefônica Brasil.

Quais as vantagens da interatividade na TV?
Através do middleware Ginga, sistema desenvolvido no Brasil em código aberto, acoplado dentro da caixa de conversão para o sinal digital, as famílias podem receber informações sobre diferentes questões, inclusive ter um canal de serviços públicos através da multiprogramação. Essas informações podem ser dados atualizados diariamente sobre oferta de empregos sem sair de casa, marcar consultas no SUS sem ficar na fila, fazer cursos pela televisão, pagar contas em bancos públicos, enviar informações (a partir do controle remoto) para receber benefícios de saúde, aposentadoria, direitos da mulher, etc.
Com a multiprogramação nas TVs públicas, pode aumentar o número de canais disponíveis gratuitamente. Já pensou ter um canal só de esportes, um canal só de cinema brasileiro e latino-americano, um canal só de notícias, sem precisar pagar nada por isso? Aumenta a programação, a diversidade e também a demanda por profissionais de comunicação.

Isso tudo só será possível SE no dia 29 de abril a GIRED decidir pelos conversores que permitem a interatividade.
Além disso... Em coletiva de imprensa realizada na 3ª feira, dia 07/04, o conselheiro da Anatel e presidente do GIRED, Rodrigo Zerbone (que representa o grupo Bandeirantes), afirmou que a compra dos conversores servirá como meio de aquecer a oferta de conversores no mercado. Ou seja, a definição do padrão de interatividade não afetará somente a população de baixa renda, mas também a oferta e preço de conversores disponíveis no mercado para todos os lares que precisarão adaptar seu televisor para receber o sinal de TV digital.

Por que não contaram isso antes?
Porque as empresas privadas de televisão aberta – que também são donas ou parceiras dos canais de TV a pago – não querem perder o lucro que têm. E as empresas de telefonia móvel não tem interesse de modificar um mercado aonde os brasileiros são meros consumidores.

#InteratividadeSIM - Se você quer a interatividade nas caixas de conversão para a TV digital participe da campanha #InteratividadeSIM e garanta a multiprogramação nas TVs públicas, gratuitamente #InteratividadenasTVsPúblicas

Formas de Participação
1.Use as Hagtags #InteratividadeSIM e #InteratividadenasTVsPúblicas diariamente até o dia 29 de abril
2. Divulgue na sua cidade e estado a importância da interatividade na TV digital pública
3. Faça Selfie com um cartaz de apoio e poste em todas redes sociais
#InteratividadeSIM #InteratividadenasTVsPúblicas
4. Faça um filme curto dizendo porque você apóia a TV digital poste em todas redes sociais
5. Acione os deputados e senadores do seu Estado e peça apoio a caixa de conversão com interatividade na TV digital
6. Converse com artistas que você conhece e peça apoio através de fotos, vídeos curtos e peça pra postarem em todas as redes sociais
7.Converse e discuta sobre isso na sua associação de classe, sindicato ou federação. Peça pros dirigentes fazerem fotos e/ou vídeo e postarem nas redes sociais
Use as hagtags #InteratividadeSim e #InteratividadenasTVsPúblicas
8. Multiplique essa informação entre os formadores de opinião que você conhece e/ou admira
9.Mande mails e cartas para o Ministro Berzoini, das Comunicações e para o presidente do GIRED, Rodrigo Zerbone, na Anatel pedindo pela interatividade e pela multiprogramação, conforme rege o decreto 5820 de criação da TV digital no Brasil.


Por; Richard Santos, também conhecido como Big Richard, é carioca, artista/ativista histórico da cultura Hip Hop brasileira e dos movimentos de juventude e periferia. É membro da Nação Hip Hop Brasil, jornalista/apresentador de TV com passagens por diversas emissoras. Sociólogo é autor de diversos livros e artigos publicados. Especialista em História e Cultura no Brasil, mestre em comunicação e doutorando em Ciências Sociais, também é membro da Associação Nacional de Pós-graduandos, ANPG, e membro pesquisador do Observatório Latino-americano das indústrias de conteúdos digitais, OLAICD.

Um comentário: