“O rap é a música da liberdade!”. Frase bonita machuca a
quem? Aquele que não gosta de rap, ou os adversários da liberdade, certo? Em
outras palavras patrício, fere o inimigo. Ponto pa nóis? Vai vendo…
O Hip-Hop é libertário, quer dizer liberta, surgiu pra
libertar. Uns bico se apressam. “Nossa cultura nasceu pra diversão, as questões
sociais foram postas depois”. É memo? Transformar bairros, com índices de
mortes violentas maiores do que países em guerra, em centros culturais a céu
aberto é uma ação que engravatado no congresso não é capaz, Hip-Hop é Política,
com “P” maiúsculo, por isso é libertário.
Mas existe um fenômeno que nem mesmo a maior contracultura
globalizada está imune. É o de adotar um discurso que esquece o “um por todos”,
e quer saber só do “todos por um”, que mané “ao vosso reino” nada, só “venha a
nós”, sem fazer por onde. Tá me entendendo? Ai é mamão... estender a mão? Nem
pensar.
Um milhão de exemplos não alcança o desrespeito que acometeu
o palco do Via Marquês na abertura do show da turnê do grupo Bone
Thugs-n-Harmony. Vaias, qualquer artista está sujeito a ser alvo, as gravações
raras dos antigos festivais da canção provam isto, Caetano, Gil, Vandré, Chico…
Mas o que justifica afrontar o maior DJ do Brasil, ouso
dizer, quiça do mundo? KL Jay, postei, poderia ser Nobel da Paz, sagaz,
inteligente, versátil, arrojado, mas acima de tudo um ser humano extremamente
fundamental. Talentoso na arte de fazer da vida de risco a trilha sonora performática,
um exemplo.
Mas não, nesse dia ele não era a atração principal, não tem
toda aquela marra, não veio da gringa, feito Ed Motta, que xinga quem não cuspa
num inglês genuíno. Era um zé, e o povinho vaiou, simples assim.