segunda-feira, 18 de maio de 2015

Em busca de algo mais – Por Negra Jaque

Em busca de algo mais, assim nós vamos, nos organizamos, brigamos, articulamos, fazemos parcerias. Já demos muitos passos, mas precisamos mais. O hip hop transforma vidas, esta é a frase que mais marca. E com ela muit@s de nós se guiam, buscam, compartilham e repassam seus valores.
O hip hop enquanto cultura em movimento não perdeu sua essência. Vemos sua grandeza a cada traço, a cada passo, a cada rima a cada scratchin…ele vive, e com as atividades de rua, comunitárias vemos ele trazer o brilho no rosto das crianças. É a manifestação artística, política e social que mais se aproxima das periferias urbanas do país. Mas estamos em outro momento, precisamos construir algo mais, mesmo que em alguns lugares ainda não tenhamos as leis municipais e estaduais de incentivo ao hip hop, aquelas em que já foram instaladas precisam avançar. É o momento de buscarmos nosso legado, cada vez mais é necessária a construção e implementação de espaços específicos de hip hop.

As propostas das casas de hip hop são ferramentas fundamentais de promoção de cultura dentro das periferias. Não nos basta mais eventos, temos que incentivar espaços culturais de promoção da cultura. Que crianças e jovens se identifiquem e encontrem nesses espaços referencias positivas. É necessário representatividade, e isso importa e muito. É o momento de construirmos ações, encontros e atividades que sejam na prática modelos da sociedade que queremos, com igualdade de direitos e oportunidades para todos. Precisamos avançar, olhar tudo ao nosso redor e olhar para dentro de nós, neste organismo vivo. Estamos fazendo de nossa teoria instrumental, que nos fortalece e afirma cada vez mais nossas convicções a nossa prática cotidiana?
Bah…não é um exercício fácil. É algo que mexe internamente com cada um e cada uma de nós. Mas se não fizermos este movimento continuamente, não avançaremos. Assim como o universo temos o nosso movimento de rotação, e quando somamos nossa ideias com os demais temos o movimento de translação, e essa é a ação fundamental, quando nos unimos para modificar o todo. Seja no movimento hip hop como um todo, seja especificamente na luta feminista por direitos iguais, respeito e dignidade para milhares de mulheres que além de proverem a vida, cada dia mais se tornam a figura principal da instituição denominada família, seja em qualquer outra luta política, social e cultural desse país.
Especificamente, a luta feminina dentro do movimento hip hop alça voos, e voos longos. Assim como em toda sociedade as mulheres estão ampliando seu campo de ação, de certa forma, colhemos, a passos pequenos, os frutos que nossas irmãs há alguns anos plantaram. Temos agora que nos fortificar, nos qualificar profissionalmente a cada dia, temos que continuar a trajetória de crescimento das outras mulheres que ja estruturaram a caminhada feminista. Não é hora de nos “encolhermos”, é hora de “esticarmos”. É hora de conquistar espaço, recursos, de mentes e corações . 
Jaqueline Pereira (NEGRA JAQUE) - Porto Alegre RS - Coordenadora Pedagógica, MC e Ativista  no Hip Hop, Produtora e Gestora do Circuito de Cultura e Arte Sábado Cultural.

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