Este ensaio se propõe a
provocar uma reflexão sobre a violência sistemática e institucionalizada a que
está exposta a população negra no Brasil, a partir da análise de dois fatos
recentes de violência policial e intolerância religiosa. Essa análise, bastante
preliminar, joga luzes no racismo institucional que organiza e opera toda a
violência contra o negro brasileiro. Ao final propomos algumas iniciativas para
superação do racismo.
Juventude Negra. Genocídio. Auto de resistência.
Intolerância religiosa.
Big Richard (1) - Maria do Carmos Rebouças (2)
Temos
acompanhado a uma série de barbáries cometidas contra a população negra
brasileira nos últimos anos, com um perceptível aumento em 2015. Tem-se a impressão
que os ganhos sociais dos últimos anos vieram acompanhados de uma fortíssima
reação de um grupo conservador que atua politicamente na desconstrução das conquistas
e também no aprisionamento social e mental[3] daqueles que são os
sujeitos dos avanços conquistados.
Com
os direitos sociais fortalecidos na letra da lei, percebe-se uma tentativa da
ala conservadora da burguesia de estabelecer um campo de batalha. É como se
vivêssemos uma correlação de forças operando surda e mudamente dentro da área
da significação, conforme o sociólogo francês Pierre Bourdieu[4].
Em
uma breve olhada nos jornais do mês de novembro de 2015, veremos ações de
repressão e alijamento sociocultural pululando diante de nossos olhos. Trazemos
aqui dois casos paradigmáticos ocorridos em duas importantes cidades
brasileiras e representativos da violação sistemática dos direitos humanos da
população negra no país.
Um
ato de intolerância religiosa materializado com o incêndio criminoso de um
templo de religião de matriz africana do Distrito Federal[5]: