A invisibilidade da mulher negra na historia do Brasil se deu a partir da combinação da opressão de gênero e de raça. Se o mito da democracia racial foi perverso para o conjunto da população negra, aparentando - a da sua historia e do seu protagonismo, em relação às mulheres negras esse drama foi ainda pior.
A mulher negra foi transformada em símbolo da escravidão e socialmente desvalorizada, e a sua representação construída é de passividade e subserviência. Nessa lógica, o racismo foi bastante eficiente, pois além de ocultar a historia de luta e organização dos negros e negras, tenta esconder o quadro de desigualdades e diferenças existentes no país.
A sociedade escravocrata e machista, numa pretensa proteção à mulher branca, sob o estereótipo de “sexo Frágil”, colocava-a numa “redoma de vidro”, onde seu papel social se resumia a cumprir suas obrigações matrimoniais, reprodução e acompanhamento aos cuidados da casa. Enquanto as mulheres negras eram colocadas em pé de igualdade no trabalho escravo com os homens, sendo castigadas da mesma forma que os homens negros e , ainda, na maioria das vezes sendo obrigadas a ter relações sexuais com os homens brancos.
A opressão machista e racista sob o comando de seu mecanismo mais eficaz, o mito da democracia racial, conseguiu durante muito tempo invisibilizar a mulher negra, inclusive no seu protagonismo na luta de classe travada no Brasil durante o período colonial e imperial.
A opressão machista e racista sob o comando de seu mecanismo mais eficaz, o mito da democracia racial, conseguiu durante muito tempo invisibilizar a mulher negra, inclusive no seu protagonismo na luta de classe travada no Brasil durante o período colonial e imperial.
O mito da democracia racial tem um poder ideológico tão forte que ainda hoje perpassa todos os espaços da sociedade, inclusive as organizações sociais e políticas, assim como o próprio movimento negro.
O protagonismo da mulher negra nas lutas não nasce nas décadas de 70 e 80 com o surgimento do “feminismo negro” no Brasil , muito menos com os movimentos recentes, a exemplo da jornada de Junho de 2013 em que as periferias, em aos espontâneos, em suas grande maioria sob direção de mulheres, foram ás ruas contra os assassinos de jovens negros pela policia e por direitos mínimos.
A luta protagonizada por mulheres negras nasceu desde que o primeiro navio negreiro aportou em terras brasileiras trazendo africanos sequestrados e escravizados, muito embora a historiografia oficial tenha silenciado sobre a presença e atuação de negras nas lutas e resistências à escravidão.
Neste sentido, busca-se recuperar o protagonismo dessas mulheres, sejam como sacerdotisas, guerreiras, comandantes de exércitos, quilombolas ou comunidades de terreiro. As diversas experiências matriarcais que o sistema opressor insiste em ocultar até hoje, a exemplo da resistência nas favelas.
As heroínas Negras.Aqualtune
Era uma princesa africana, filha do importante Rei do Congo. Numa guerra entre reinos africanos, foi derrotada, juntamente com seu exército de 10 mil guerreiros e transformada em escrava. Foi levada para um navio negreiro e vendida ao Brasil, vindo para o Porto de Recife. Comprada como escrava reprodutora foi levada para região de Porto Calvo, no sul de Pernambuco. Lá conheceu as histórias de resistência dos negros na escravidão, conhecendo então a trajetória de Palmares, um dos principais Quilombos negros durante o período escravocrata. Aqualtune, nos últimos meses de gravidez ,organizou uma fuga junto com outros escravos para o quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, recebendo, então, o governo de um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas. Aqualtune era da família de Ganga Zumba, e uma de suas filhas teria gerado Zumbi. Em uma das guerras comandadas pelos paulistas para a destruição de Palmares, a aldeia de Aqualtune, que já estava idosa, foi queimada. Não se sabe ao certo a data de sua morte. Rainha Nzinga A Rainha Nzinga nasceu em 1582 e morreu em 17 de dezembro de 1663. Filha do Rei do estado de Ndongo, o Ngola Quiluanji, ela é uma das principais heroínas do povo mbundo da atual República de Angola, ficou conhecida por liderar a resistência contra a invasão portuguesa em seu território, bem como sua altivez e insubordinação ao poder masculino. Os relatos históricos registram seu nome em diferentes formas: Jinga, Njinga, Ginga ou mesmo Ana de Sousa (nome que recebeu após seu batismo, reconhecido como ação estratégica utilizada no enfrentamento ao conflito contra os portugueses). Nzinga foi, além de grande e feroz guerreira e comandante, uma grande negociadora – por isso alguns autores identificam nesta qualidade da rainha a origem do termo ginga (a forma portuguesa de seu nome) significando flexibilidade, capacidade de negociação e adaptação, jogo de cintura.
Adelina Charuteira Escrava e abolicionista. Maranhense, de São Luís, Adelina era filha de uma escrava com um senhor. Sabia ler e escrever, porém seu pai não cumpriu a promessa de libertá-la aos 17 anos de idade. Já na adolescência, seu pai empobreceu e passou a fabricar charutos. Adelina era então sua vendedora, circulando pela cidade, vendia charutos para os bares da cidade, bem como para fregueses avulsos. No Largo do Carmo, onde costumava parar, vendia charutos para os estudantes do Liceu, onde teve a oportunidade de assistir a comícios abolicionistas promovidos por esses. Com a facilidade em que circulava pela cidade, Adelina era uma importante informante a cerca das ações da polícia aos ativistas e ainda ajudava na fuga de escravos, cooperando assim com o movimento abolicionista. Ana Liderou uma revolta de escravos ocorrida em uma fazenda no interior do Ceará, no ano de 1835. Ana, fingindo submissão aos capangas da fazenda onde era escrava, facilitou a entrada dos escravos rebelados à casa grande, tomando-a de assalto, mataram todos os que estavam na casa, e atearam fogo a propriedade, situada na serra do Ibiapaba, no Ceará. Alguns dos escravos revoltos fugiram rumo a Pernambuco, outros, liderados por Ana, libertaram da cadeia do lugar o senhor Jerônimo Cabaceira, proprietário de um sítio na região, preso por ter se recusado a vender suas terras ao Senhor Francisco Carvalho, proprietário dos escravos revoltados. Este era conhecido na região por atos violentos e autoritários, ausente de sua propriedade no instante da revolta, tentou ao tentar retornar, foi interpelado por Jerônimo Cabaceira e seus irmãos, o que provocou o enforcamento de Francisco Carvalho.A revolta se deu num instante de indignação dos escravos da senzala contra os violentos castigos impostos a uma velha escrava que cuidava dos enfermos. Luiza Nahin Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava.Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos. Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África.Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: “Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa”. Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada. Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP. Mariana Criola Viveu em Paty do Alferes, distrito da Vila de Vassouras, região do Vale do paraíba – Rio de janeiro. Era Mucama e costureira de Francisca Xavier, senhora das fazendas cafeeiras Maravilha e Freguesia. E embora fosse casada com o negro José, escravo que trabalhava na lavoura, vivia na casa-grande. Em 5 de novembro de 1838 se deu a maior fuga de escravos da história fluminense, e o foco principal estava na fazenda Maravilha. A fuga fora liderada pelo ferreiro Manuel Congo, que levou consigo negros das fazendas vizinhas inclusive da fazenda Freguesia, onde vivia Mariana. Esta juntou-se, então, aos fugitivos tomando a direção do grupo, no qual ficou conhecida como a rainha do quilombo, fazendo par com Manuel Congo, o rei. Situaram-se nas matas de santa Catarina, nas fraldas da serra da Mantiqueira até serem atacados por tropas comandadas por um coronel da Guarda Nacional, que relatara no autos da época que a negra Mariana, de 30 anos estava a frente dos revoltosos, resistindo ao cerco da polícia sob os gritos de “Morrer Sim, entregar não!” No dia 12 de novembro, Mariana Crioula e Manuel Congo foram feitos prisioneiros, juntamente com outros líderes da revolta e o grupo se dispersou. No julgamento, dezesseis escravos, sete mulheres e nove homens foram indiciados. Mariana, que havia demostrado valentia na mata, quando interrogada, procurou dissimular seu verdadeiro papel nos acontecimentos e alegou que havia sido induzida à fuga. Mesmo tendo sido delatada por outros réus como a rainha do Quilombo, Mariana fora absolvida. O único acusado de homicídio foi Manuel Congo, cuja sentença de morte por enforcamento foi executada no início do mês de setembro de 1839. Xica da Silva Não se sabe a data de nascimento de Francisca da Silva, sabe-se que ela era filha de uma mulher negra com um português, chamados Maria da Costa e Antônio Caetano de Sá, respectivamente. O primeiro filho de Chica teve como pai o médico português Manuel Pires Sardinha, que o reconheceu como filho bastardo em seu testamento, em 1755, nomeando-o como um de seus herdeiros. A carta de alforria de Chica, foi assinada pelo então desembargador João Fernandes de Oliveira, com quem passou a viver maritalmente, não eram casados pois a legislação não permitia casamento entre senhores brancos e negras forras. Passaram a viver na região de Vila do Príncipe e do Tejuco, onde o Sr. João Fernandes administrava o contrato para extração de diamantes concedido pela Coroa a seu pai. Chica ficou reconhecida na região como a Chica que manda, já em 1754 possuía um sobrado e alguns escravos. Sua casa ficava na rua do Bonfim, local prestigiado do arraial, com uma capela própria, possuía ainda, nos arredores do Tejuco uma espécie de castelo, a chácara de Palha, com capela e teatro. Entre 1755 e 1770 tiveram 13 filhos. Chica fez questão de educar suas nove filhas no Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região das Minas. Cinco de suas filhas fizeram os votos e se tornaram freiras, as outras largaram o hábito para se casar. Em 1771, João Fernandes teve que se ausentar do Brasil, convocado pela coroa para prestar contas sobre a acusação de violar regras do contrato que tinha com a corte, mas retornou a colônia algum tempo depois. Durante a ausência de João Fernandes Chica buscou vários meios para a manutenção de sua condição. Associou-se a várias Irmandades, que eram entidades que agregavam indivíduos de mesma origem e condição, o que lhe proporcionava uma forma de obter distinção e reconhecimento social. Na Irmandade das Mêrces, que congregava pardos, Chica, chegou a ser juíza. No livro da Irmandade do santíssimo do tejuco, existem dezenas de registros de pagamentos feitos por Chica para viabilizar casamentos, batismos e enterros de seus escravos. João Fernandes faleceu em Lisboa, em 1779. Chica da Silva se utilizou dos meios disponíveis às mulheres escravas, que eram a maioria alforriada. De acordo com o censo 1738 elas constituíam 65% do total de 387 forros, contra 37% dos homens. Ao longo de sua trajetória, ela agiu de forma a diminuir o preconceito que a cor e a escravidão lhe conferiam, para isso promoveu a ascensão social de seus filhos. Seu filho João Fernandes tornou-se o principal herdeiro do pai tendo recebido dois terços de seus bens. José Agostinho tornou-se padre, e o pai deixou-lhe uma renda para que constituísse uma capela. Simão Pires sardinha estudou em Roma, comprou um título de nobreza e uma patente de tenente-coronel da cavalaria de Minas Gerais. Chica da Silva morreu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Tejuco. Foi enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, cuja irmandade era reservada a elite branca do arraial, o que demostra sua importância e prestígio. Para Ver: Xica da Silva – filme dirigido por Cacá Diegues de 1976. Maria Firmina dos Reis Apesar de ser considerada por alguns autores como a primeira romancista brasileira – seu livro Úrsula é de 1859 – pouco se sabe da vida desta maranhense bastarda e negra. Nascida em São Luís (1825-1917), disputou em 1847 uma vaga para a cadeira de professora de primeiras letras em Guimarães. Orgulhosa com a vitória da filha, a mãe alugou um palanquim – espécie de cadeira carregada por dois escravos – para que fosse receber o documento da nomeação. Revoltada, Maria Firmina recusou, afirmando que negro não era animal para andar montado nele! Contrária à escravidão em suas atitudes, também usou os seus escritos para denunciá-la. Acreditava que a escravidão contradizia os princípios do cristianismo, que ensinava o homem a amar o próximo como a si mesmo. Via o escravo como uma pessoa digna, capaz de sentimento nobres mesmo tendo vivido tantos anos sob o regime degradante do cativeiro.Seu livro Úrsula pode ser considerado o primeiro romance abolicionista escrito por uma brasileira. Colaborou ainda na imprensa local com poesias e contos; escreveu um livro em comemoração ao 13 de maio, além de ser autora de vários folguedos. Aos 55 anos, um ano antes de aposentar-se do magistério público oficial, fundou em Guimarães uma escola mista e gratuita para crianças pobres. Como professora era enérgica, mas falava baixo e não usava castigos corporais. Quem lembra dela, na casa dos 80, fala da velhinha negra de cabelos grisalhos, amarrados atrás da nuca, vestida de roupas escuras e sandálias. Apesar de pobre e solteira, teve alguns filhos adotivos e inúmeros afilhados. Faleceu cega, aos 92 anos de idade, na casa de uma amiga ex-escrava, e até hoje, em Guimarães, “a uma mulher inteligente e instruída chamam: Maria Firmina”! Carolina de Jesus Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, na cidade de Sacramento, interior de Minas Gerais. Em uma família de 8 irmãos, parou os estudos no segundo ano do ensino fundamental para trabalhar na plantação junto com sua mãe. Na adolescência mudou-se para o interior de São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica. Em 1947 mudou-se para a capital, onde foi empregada doméstica, auxiliar de enfermagem e até artista de circo. Em 1948, grávida de seu primeiro filho, e desempregada, foi morar na favela do Canindé, às margens do rio Tietê, onde passou a viver como catadora de papel.Em 1955, começou a escrever um diário, onde anotava sua experiência de vida. Em 1958, o repórter Audálio Dantas, do Jornal Diário de São Paulo, esteve nas proximidades da favela para cobrir uma briga entre moradores. Ali, soube da existência de uma moça que anotava , num diário, suas reflexões sobre a vida. Carolina lhe apresentou aos textos, os quais examinou com muita atenção, e sem autorização da autora, Audálio, publicou trechos do diário no Jornal Folha da Noite.O documento publicado, chamou a atenção dos leitores e da mídia da época. E após uma revisão feita pelo próprio Audálio, o documento foi publicado em formato de livro, pela Livraria Francisco Alves, com o nome de Quarto de Despejo. Seis meses após a publicação o livro teve 90 mil exemplares vendidos. Prefaciado por Alberto Morávia, escrito italiano, o livro foi publicado em 13 idiomas, e em 40 países diferentes, o que propiciou que Carolina deixasse a favela para comprar uma casa de Alvenaria no Bairro Santana. Lá , recebeu o assédio da imprensa, e também o preconceito dos vizinhos da classe média paulista.Enquanto isso, seu livro era comentado pela imprensa internacional, tendo várias de sua páginas transcritas para a revista americana Life e a francesa Paris-Match.Em novembro de 1961 teve seu segundo livro editado – Casa de Alvenaria: diário de uma ex favelada, que infelizmente não alcançou o sucesso do primeiro, também neste ano Quarto de Despejo foi adaptado para o teatro por Edi Lima e encenado no Teatro Nídia Lícia. Em 1969, por sua conta, editou um livro de provérbios – Quem foi que disse. Em meio ao preconceito que sofria no bairro Santana, mudou-se para uma chácara na periferia da cidade, onde permaneceu escrevendo. Na década de 70, sofreu com o esquecimento dos leitores e da imprensa, porém em 1976, o livro Quarto de Despejo ganhou uma nova edição que trouxe a escritora de novo à atenção do público leitor Carolina Maria de Jesus faleceu em 13 de fevereiro de 1977. Em 1986 foi lançado uma edição póstuma de um texto seu chamado Diário de Bitita. Lélia González Nasceu em Minas Gerais, filha de pai negro e mãe índia, era a caçula de 13 irmãos. Lélia Gonzalez, militante constante da causa da mulher e do negro, em todos os espaços que atuou, se fez digna representante. Era graduada em história e filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UERJ e Doutorada em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, USP. Soube usar o espaço acadêmico para desenvolver pesquisas temáticas relacionadas à mulher e ao negro. Foi professora de várias Universidades e Escolas importantes e o seu último cargo acadêmico foi o de Diretora do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC.Na vida política se destacou como participante da fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), anos 70, do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), anos 70, do Coletivo de Mulheres Negras N´Zinga, foi membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Participou ativamente de inúmeros congressos internacionais sobre condição Atuou também em partidos políticos como primeira suplente de Deputado Federal, pelo PT em 1982 e suplente de Deputado Estadual pelo PDT, em 1986.Incentivadora ardorosa das manifestações culturais de raízes negras, participou de carnavais do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo. Ajudou a fundar o OLODUM, bloco Afro de Salvador, com quem mantinha intercâmbio constante. Várias vezes fez parte do corpo de jurados das escolas de samba e era torcedora fervorosa do futebol brasileiro. Lélia Gonzalez, acadêmica, uma das fundadoras do Colégio Freudiano de Psicanálise, entendia o futebol como cultura, não distanciando pois do cotidiano do povo. Deixou além de obras coletivas, teses e muitas anotações, os livros; Lugar de Negro, com autoria de Carlos Hasenbalg e Festa Populares no Brasil. Em seu último trabalho, Lélia de Almeida Gonzalez refletia sobre a especialidade dos Negros da diáspora, condição que ela adotou o nome de Amefricanidade. Teresa de Benguela foi uma líder quilombola que viveu no atual estado do Mato Grosso, no Brasil, durante o século 18. Foi esposa de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho (ou do Quariterê), entre o rio Guaporé (a atual fronteira entre Mato Grosso eBolívia) e a atual cidade de Cuiabá. Com a morte de José Piolho, Teresa se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios, não aceitando a escravidão, suicidou-se. Dandara Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Valente, ela foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa da quilombo. Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino. Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada. Acotirene Chegou á Serra da barriga, região do Quilombo de Palmares em Alagoas, antes de Ganga Zumba assumir o poder, Ela era a matriarca de Palmares e exercia a função de conselheira. Ela era consultada sobre todos os assuntos, desde questões familiares até decisões político-militares. Acotirene era a líder que orientava os chefes quilombolas nas dificuldades e nas decisões a serem tomadas. Também dirigiu o mocambo que levava seu nome. Zeferina Foi líder do Quilombo de Urubu, em 1826, localizado em Salvador (BA. Era destemida e combativa, e mantinha sempre a cabeça erguida. Sua altivez foi mantida até o momento de sua prisão. Acorrentada na Praça da Sé para servir de exemplo aos outros insurgentes, e mesmo debilitada, falou em alto e bom som que era, de onde vinha e que estava ali para libertar seu povo. As Mulheres negras resistem até hoje. A luta de classes no Brasil se inicia com a escravidão e as mulheres negras sempre estiveram presentes nessa luta e nunca foram passivas à opressão e exploração que eram submetidas. Mulheres negras resistem até os dias atuais, mostrando que tanto na África quanto na diáspora, a herança das ancestrais e yabás correm nas suas veias fortalecendo a luta individual pela sobrevivência de seus filhos que também é parte da luta coletiva pela emancipação da humanidade.
Pesquisa - Secretaria de Formação e comunicação Nação Hip Hop Brasil - Nação Mulher
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