Há muito as pessoas mais atentas sabem que o Hip Hop não se
constitui apenas como um movimento cultural nascido nas periferias. Com seus
quatro elementos, o Hip Hop pode ser pensado também, como um movimento
político, ou uma nova forma de cultura política, para além da ação tradicional,
partidária e conservadora, branca em sua maioria, e de raiz ocidental.
Podemos associar a organização e cultura política dos
membros da Nação Hip Hop, ao melhor da tradição política não ocidental,
possivelmente associada a um confucionismo**, ou mesmo a um griotismo***,
tradição afro centrada onde a cultura da tradição oral e educação comunitária, é
a principal forma de manutenção da história e identidade. Porém, ao ser
absorvido pela indústria cultural, têm-se a ideia que o Hip Hop está morrendo
em seus conceitos políticos e ação comunitária orgânica. Os conglomerados
midiáticos, as organizações do showbizz, e os formadores de opinião
“descoladinhos” dos grandes centros, colaboram para termos esta visão
distorcida, e homogênea quanto ao surgimento, auge, e possível decadência do
Hip Hop. É nesta hora que organizações sociais como a Nação Hip Hop Brasil
fazem a diferença.
A diferença da Nação Hip Hop Brasil está na sua tradição e
organização de modelo não ocidental, ainda que membros de uma cultura urbana
consolidada nos grandes centros financeiros, São Paulo, Rio de Janeiro, Nova
York, Los Angeles, etc. O Hip Hop está espalhado pelos mais diversos
e longínquos cantos do planeta, é visto e lembrado como um movimento que
ultrapassa o mainstream, e atua na base. Como bem falado pelo pensador e
sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, em uma de suas palestras no
Fórum Social Mundial 2016.
Esta aventurança, e conceitos formados a partir de um
movimento de juventude dos guetos/periferias, têm transformado vidas, e
empoderado à muitos jovens ativistas nos mais diversificados espaços. Assim,
que entramos no ponto principal desta reflexão que faço neste nosso espaço;
como levar esta carga de signos, esperanças e histórias para a política
partidária, para construir representações municipais em 2016?
Debate-se, neste momento, a candidatura de diversos membros
da Nação Hip Hop ao parlamento municipal em 2016. Mas fica a questão a ser
respondida, e debatida neste espaço; o que esperar destas verdadeiras
lideranças orgânicas na ação política partidária? Como transformar liderança
sociocultural em liderança política de fato, representativa dos interesses da
maioria minorizada nos mais diversos níveis parlamentares? E estando lá,
alcançando os votos necessários, como se comportar, como desenvolver uma agenda
propositiva, positiva, e desassociada dos interesses daqueles políticos
profissionais (de esquerda e de direita) que se perpetuam no poder como nossos
eternos representantes?
Enfim, precisamos trocar esta ideia, dar este papo reto. E
já que estamos falando de vida pública, representação pública, vamos construir
isso publicamente?
Já é? Então, deixe seu recado aqui embaixo. Bota a cara, e
vamos juntos.
Paz a todos
Fonte: UJS
**O
confucionismo é uma doutrina (ou sistema filosófico) criada pelo pensador
chinês Confúcio (Kung-Fu-Tzu) no século VI ªC. Possui, além das ideias
filosóficas, abordagens pedagógicas, políticas, religiosas e morais. A
principal ideia desta filosofia é a busca do Tao (caminho superior). Através
deste caminho é possível ter uma vida equilibrada e boa. Através do Tao os
seres humanos podem viver, mantendo o equilíbrio entre as vontades materiais
(prazeres, bens, objetos, desejos) e as do céu.
Os valores mais importantes no confucionismo são: disciplina, estudo, consciência política, trabalho e respeito aos valores morais. Embora não seja uma religião, existem tempos confucionistas, onde ocorrem rituais de ordem social.
http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/confucionismo.htm
Os valores mais importantes no confucionismo são: disciplina, estudo, consciência política, trabalho e respeito aos valores morais. Embora não seja uma religião, existem tempos confucionistas, onde ocorrem rituais de ordem social.
http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/confucionismo.htm
***http://www.infoescola.com/curiosidades/griot/
*Richard
Santos – BIG RICHARD, é doutorando em Ciências Sociais no CEPPAC-UNB, mestre em
comunicação pela Universidade Católica de Brasília, especialista em História e
Cultura no Brasil pela Universidade Gama-Filho, e graduado em Ciências Sociais
pela Universidade Metodista de São Paulo. Membro do Observatório
Latino-americano da Indústria de Conteúdos Digitais na Universidade Católica de
Brasília, diretor da Nação Hip Hop Brasil. No movimento Hip Hop é conhecido
como Big Richard.
Fonte: UJS
Bora discutir, irmãs e Irmãos.
ResponderExcluirFábio Corvo, Membro da Direção Nacional, Fundador do Coletivo Cultural Pic Favela e Pré-Candidato a vereador em Porto Feliz-SP